(ENEM PPL - 2019)
As montanhas correm agora, lá fora, umas atrás das outras, hostis e espectrais, desertas de vontades novas que as humanizem, esquecidas já dos antigos homens lendários que as povoaram e dominaram. Carregam nos seus dorsos poderosos as pequenas cidades decadentes, como uma doença aviltante e tenaz, que se aninhou para sempre em suas dobras. Não podendo matá-las de todo ou arrancá-las de si e vencer, elas resignam-se e as ocultam com sua vegetação escura e densa, que lhes serve de coberta, e resguardam o seu sonho imperial de ferro e ouro.
PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Artium, 2001.
As soluções de linguagem encontradas pelo narrador projetam uma perspectiva lírica da paisagem contemplada. Essa projeção alinha-se ao poético na medida em que
explora a identidade entre o homem e a natureza.
reveste o inanimado de vitalidade e ressentimento.
congela no tempo a prosperidade de antigas cidades.
destaca a estética das formas e das cores da paisagem.
captura o sentido da ruína causada pela extração mineral.